domingo, 7 de outubro de 2012

Louvação a São Luis, Bandeira Tribuzzi, outros poetas e escritores



Destaques maranhenses

Em destaque nacional já estão consagrados como representantes da cultura e arte maranhense, o mestre carnavalesco Joãozinho Trinta, maranhense que tem levado o nome de São Luís e do Maranhão a todos os cantos do Brasil, assim como Alcione Nazaré, cantora autêntica da MPB e do Samba.

E nas áreas das artes, literatura, poesia, teatro, dança, cinema, música, artes e carnaval, são muitos os que se destacam no cenário da cultura maranhense contemporânea, pois o Maranhão continua sendo berço de poetas, escritores, músicos e cantores, que têm realizado um novo movimento cultural e artístico, e que têm, levado o nome do Maranhão ao Brasil, à Europa, Ásia e às Américas! 


Em nome do engrandecimento das artes e cultura maranhense e brasileira, todos merecem os aplausos de todos nós e da ARTFORUM Brasil XXI – Universidade Planetária do Futuro, uma vez que  seus projetos contribuem para o desenvolvimento de um pólo cultural que nasceu nas últimas décadas do século XX, se ampliou na 1ª década do século XXI, e que estarão em sua trajetória nessa segunda década, rumo ao futuro que espera o melhor de todos nós!

Destacamos a trajetória da Profa. Júlia Emília Ferreira Bastos da Silva, que em 2010 festejou os 25 anos de teatro e dança, e que ao longo de muitos anos organizou o Grupo “TeatroDança”, que possui foco artístico, cultural e social. Ela se formou no Rio, teve chance de fazer cursos na Europa, com grandes mestres, voltou para São Luís, onde tem desenvolvido um trabalho importante, em prol da cultura.

São muitos os maranhenses que idealizaram projetos inéditos em São Luís, como os grupos que preservam o folclore maranhense, assim como as escolas de Bumba – bois, muitas delas com mais de 100 anos, como o Boi da Maioba. São muitos os que se tornaram pesquisadores, historiadores e doutores da cultura das etnias, como os professores doutores Mundicarmo e Sérgio Ferreti, e outros que seguiram os passos da Sra. Zelinda e Carlos Lima, que ao longo dos anos se dedicaram à pesquisa e à produção de conhecimento sobre cultura popular, folclore e etnias maranhenses.

Nessa oportunidade, registramos homenagem (in memoriam) ao historiador e pesquisador de cultura popular brasileira e maranhense, Valdelino Cécio, que deixou importante contribuição à cultura maranhense, que foi reconhecido e homenageado pelo Governo do Maranhão, tendo seu nome em uma praça do Centro Histórico de São Luís, na Reviver - Praia Grande.

No início do século XXI, São Luís e o Maranhão perderam filhos muito queridos e importantes: O Prof. de Artes Plásticas e pintor acadêmico, Ambrósio Amorim, e o escritor romancista da Academia de Letras do Maranhão e Academia Brasileira de Letras Josué Montello. E muitos outros deixaram seus passos, suas belas marcas e seus exemplos, e muitos outros contribuíram e se foram, de forma anônima.

E assim, há se produzido em São Luís uma diversidade cultural rica em tradições e em projetos de novas linguagens, que interpretam raízes e seguem muitos mestres que se destacaram por sua sabedoria e contribuição ao contexto da cultura popular.

Pessoas, grupos e organizações tem produzido em São Luís uma diversidade cultural rica em tradições e em projetos de novas linguagens, que interpretam raízes e seguem mestres que se destacaram por sua sabedoria, no contexto da cultura popular.

Mas o território urbano ludovicense, já tomado por centenas de prédios, condomínios, carros e uma população multicultural que já vai além de um milhão de habitantes, desde a periferia, centro histórico, bairros, penínsulas e praias, encontra-se cada vez mais pesado sobre o solo da ilha que pode vir a ser, no futuro, uma ilha do passado...

Temos que lembrar os educadores do passado que se dedicaram à formação dos atuais mestres doutores que se dedicam a formar novos educadores, com uma nova consciência sobre o papel essencial da educação, do social e da política humanista.

Pelo que se sabe e se vê, enquanto são ampliadas as construções urbanas e da nova península de São Luís, à beira do oceano Atlântico, continuam e são ampliadas as necessidades de infraestrutura que garantam vida saudável e ecologicamente correta para as próximas décadas do século XXI, e dos próximos séculos do futuro.

A história e as artes de São Luís, como patrimônio da humanidade, precisam ser preservadas, mas, sobretudo é inadiável a reflexão sobre as condições existentes e não existentes para a sobrevivência digna dos cidadãos que habitam a Ilha e todo o território maranhense.

Na passagem de mais um ano, em que se avança velozmente em direção ao futuro, que se constrói no presente, é preciso perguntar: que projeto de sociedade estamos concebendo e realizando no Maranhão, em São Luís, em que ecoam os sons dos tambores, lembrando a dívida histórica que existe com todos que, desde os ancestrais que aqui viveram, até a atualidade, são levados à exclusão e ao empobrecimento, sem terem justa oportunidade de usufruírem o legado que foi deixado nesta terra pelos seus primeiros habitantes: indígenas e africanos.





Homenagem ao poeta Bandeira Tribuzzi,
outros poetas e escritores da ilha encantada


Louvação a São Luís



Ó minha cidade

Deixa-me viver

Que eu quero aprender

Tua poesia

Sol e maresia

Lendas e mistérios

Luar das serestas

E o azul de teus dias


 
Quero ouvir à noite

Tambores do Congo

Gemendo e cantando

Dores e saudades

A evocar martírios

Lágrimas, açoites

Que floriram claros

Sóis da Liberdade



Quero ler nas ruas

Fontes, Cantarias

Torres e mirantes

Igrejas, sobrados

Nas lentas Ladeiras

Que sobem angustias

Sonhos no futuro

Glórias do passado.



Romanceiro da cidade de São Luís

PRÉ-HISTÓRIA

Na solidão do chão sem tempo
há uma ilha de expectativa,
entre dois rios, como braços,
suavemente recolhida.
Verdes copas e o vento nelas
e os cachos das frutas nativas
e as alvas coxas de suas praias
ao sol do trópico estendidas.

Vizinho o mar com sua espuma,
seu horizonte imaculado,
com sua raiva e sua ânsia,
com seu verde pulmão salgado,
misturando sua maresia
com o acre cheio do mato.
Vizinho o mar com seu mistério
e o além por ser desvendado.

o mar de onde, por milênios,
tudo que vem é rumor longo,
surdo ou cavo, manso ou severo,
cantochão grave, som redondo

contra pedras, conchas, areias,
interminável apelo em som do
horizonte que não revela
o mistério profundo e abscôndito.


Imagem

Vista do mar, a cidade,
subindo suas ladeiras,
parece humilde presépio
levantado por mãos puras:
nimbada de claridade,
ponteia velhos telhados
com as torres das igrejas
e altas copas de palmeiras.
Seus dois rios, como braços
cingem-lhe a doce figura.

Sobre a paz de sua imagem
flui a música do tempo,
cresce o musgo dos telhados
e a umidade das paredes
escorre pelos sobrados
o amargo sal dos invernos.
Tudo é doce e até parece
que vemos só o animado
contorno de iluminura
e não a realidade:
vista do mar, a cidade
parece humilde presépio
levantado por mãos puras
e em sua simplicidade
esconde glórias passadas,
sonha grandezas futuras.

(In Poesias Completas / 1979)



Fotografia por Ana Felix Garjan, 2002


Homenagem a Ferreira Gullar



Em nome da arte, da nossa cultura humanista-planetária, temos grande honra em prestamos especial homenagem ao escritor, jornalista, ensaísta, crítico de arte, Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira), nascido em 10 de agosto de 1930, tendo comemorado seus 80 anos nesse último ano da 1ª década do século XXI.

Em homenagem ao importante maranhense, Ferreira Gullar, e assim, homenageando a todos os escritores, poetas, artistas, poetas, jornalistas e aos artistas de todas as artes, lembrando-se do seu livro “Muitas Vozes”, registro um dos seus belos poemas:

Um instante

Aqui me tenho
Como não me conheço
            nem me quis
sem começo
nem fim
          aqui me tenho
          sem mim
nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
        transparente


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TRADUZIR-SE


Ferreira Gullar



Uma parte de mim
é todo mundo:

outra parte é ninguém: 
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:

outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim,
pensa, p
ondera:

outra parte, delira

Uma parte de mim
almoça e janta:


outra parte
se espanta.


Uma parte de mim
é permanente:

outra parte
se sabe de repente.


Uma parte de mim
é só vertigem:

outra parte,
linguagem.


Traduzir uma parte
na outra parte

- que é uma questão
de vida ou morte-

Será arte?



Um instante


Aqui me tenho

Como não me conheço

            nem me quis

sem começo

nem fim

          aqui me tenho

          sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
              transparente

Ferreira Gullar 


   


   

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HOMENAGEM A NAURO MACHADO,
ATRAVÉS DE ALGUNS DOS SEUS POEMAS


OFÍCIO

Ocupo o espaço que não é meu, mas do universo.
Espaço do tamanho do meu corpo aqui, 
enchendo inúteis quilos de um metro e setenta 
e dois centímetros, o humano de quebra.
Vozes me dizem: eh, tu aí! E me mandam bater 
serviços de excrementos em papéis caídos 
numa máquina Remington, ou outra qualquer. 
E me mandam pro inferno, se inferno houvesse 
pior que este inumano existir burocrático. 
E depois há o escárnio da minha província. 
E a minha vida para cima e para baixo, 
para baixo sem cima, ponte umbilical 
partida, raiz viva de morta inocência. 
Estranhos uns aos outros, que faço eu aqui? 
E depois ninguém sabe mesmo do espaço 
que ocupo, desnecessário espaço de pernas 
e de braços preenchendo o vazio que eu sou. 
E o mundo, triste bronze de um sino rachado, 
o mundo restará o mesmo sem minha quota 
de angústia e sem minha parcela de nada.



PRÉ-HISTÓRIA

Na solidão do chão sem tempo


há uma ilha de expectativa,

entre dois rios, como braços,

suavemente recolhida.

Verdes copas e o vento nelas

e os cachos das frutas nativas

e as alvas coxas de suas praias
ao sol do trópico estendidas.

Vizinho o mar com sua espuma,


seu horizonte imaculado,

com sua raiva e sua ânsia,

com seu verde pulmão salgado,

misturando sua maresia

com o acre cheiro do mato.

Vizinho o mar com seu mistério
e o além por ser desvendado.

O mar de onde, por milénios,


tudo que vem é rumor longo,

surdo ou cavo, manso ou severo,

cantochão grave, som redondo

contra pedras, conchas, areias,

interminável apelo em som do

horizonte que não se revela
o mistério profundo e abscôndito.



HISTÓRIA

A alma da gente da terra


era doce como uma fruta:

quem veio de fora

é que trouxe

coisas impuras.

Sob o sol tropical, os homens


se multiplicavam nas mulheres

e dormiam sob as estrelas

com a paz no coração:

quem veio de fora

plantou a semente

da ambição.
Os filhos da terra sabiam


a alegria, eram fortes e bravos:

quem veio de fora

é que os fez escravos.

Os filhos da terra eram incultos,


os que vieram, civilizados:

os segundos ficaram ricos,

os primeiros foram exterminados.





NOTURNO MARÍTIMO

Pelo silêncio noturno


desliza um vento marinho,

que tange a música estranha

de súbitos violinos.

Teus cabelos se desenham

como lentas algas úmidas

e minhas mãos, sábios peixes,
buscam carícias ocultas.
Será manhã ou viagem
imaginada ou as nuvens
quem estende sombras mágicas
no frio espelho do azul?
Estou sonhando teu vulto
lentamente adormecido
pelo silêncio noturno
e o som do vento marítimo.


AS VOZES


Polidas pedras, estreitas ruas,


velhos sobrados, velhas torres,

vosso sono é longe e atento:

guarda feitos, memórias, nomes;

guarda gemidos dos escravos

— fome de liberdade entre dores —

guarda os passos firmes e eternos
dos santos e poetas maiores.

Vosso sono dorme por fora


mas é todo atenção por dentro:

sabe de cor velhas histórias,

lendas, verdades de outro tempo

sutil como as densas verdades,

imponderável como o vento.

Este sono é o espelho largo
de inúmeras faces impresso.
Quem conhece as noites de lua
e o mistério que ocultam vário,
já divisou como no espelho
da cidade o passado é claro:
quem pisa as calçadas da noite
ouve — rumor imaginário —
Bequimão com sua revolta,
Vieira e o verbo literário.

Vozes que falam do martírio,


de terror ou de obscuro medo,

vozes que murmuram poemas

ou que se escondem no silêncio

para conspirar liberdades.

Contra o duro trono avarento,

vozes puras como a cidade
cuja grandeza vence o tempo.





DECLARAÇÃO

{...}



Não quero meus versos

numa antologia.

Quero-os rolando

caminhos e dias

na boca do povo:

rosa da esperança
vermelha e florida.

PAISAGEM
Eis aqui um cão


e defronte um homem:

ambos o pão

da fome comem.

Olha o cão a vida

triste das pedras

(coitado do cão
que não pasta ervas)
e por fim já morde
o osso das trevas.

Olha a vida o homem


com saudade amarga.

Os olhos do homem

já não olham nada.

Só, em seus ouvidos

de carne fanada,

teimam os latidos
da morte e do nada.



Obras literárias de Nauro Machado 

http://www.jornaldepoesia.jor.br/nauro1.html

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CANHÕES DO SILÊNCIO

José Chagas



Aqui São Luís me ensina

como montar o passado
e armar a canção menina
sobre um azul bordado.

Como na roda gigante

que gira e me gira em mim,
eu giro nesse mirante
num rodopio sem fim.

Todas as manhãs o mirante
me lança pela janela

uma amostra grátis 
de São Luís.

Só o mirante é que sabe

quantas noites acumularam estrelas
em olhares agora perdidos no espaço
e que agora estão perdidos no tempo
cegos ou iluminados de tudo.

O mirante  vigia 

a contagem das noites
e o claro-escuro tamanho do tempo
posto como um cartaz eterno
sobre a cidade.



ALÉM DAS PALAVRAS


José Chagas



A palavra corta a carne

do homem
e a poesia sangra
como ferida aberta
por violentos raios de luz

O poema é uma luta
de facas

um pulsar de assassinas lâminas
que brilham na escuridão
do silêncio
e iluminam o que está oculto
para além das palavras
rodeando a infinita inocência
das coisas.


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ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ MACHADO
CONVICÇÃO

Aqui, onde uma mulher se curva
e se inventa,
é onde de uma dor imensa e turva
se alimenta.

Aqui, quando tonta e avulsa
se procura,
é onde viva a luta lenta pulsa
e transfigura.

Aqui, onde o que é e será retorna
ao berço,
é onde busca âncora, estrela, bigorna
e terço.


BUSCA MATINAL

Bom, se tu me indicasses
nosso caminho,
como um orvalhado pastor matinal.
Bom, se tu me falasses
de um carinho,
inventado contra todo esse mal.

Bom, se me considerasses
coisa tua,
como quem caminha o mesmo chão.
Bom, se te acostumasses
à mesma rua,
com a fidelidade de um irmão.

            (Canção das horas unidas, 1973)



A fácil flor, de poluídas gretas, multiplica perdida vergonha.
As crianças, jacintos errantes, reclamam cuidados fraternos.

Os cuidados se esgotam no galopar de rubros sendeiros.
Os dentes perdidos choram o leite de uma infância negada.

O corpo humilhado expõe o segredo mais íntimo à glória fugaz.
O sexo pousado, de vulvas marinhas, é uma ave abatida.

As plumas tão alvas tremulam nervosas do tiro certeiro.
O pano se estende à curiosidade e ao frio de corpo tão triste.

(Litania da Velha, 1997)


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Poemas de Ana Maria Félix Garjan

( in Movimentos poéticos, 1987)


ODE A SÃO LUÍS


( para todos os maranhenses)



Do canto daquela rua
um farol ilumina a cidade...

Uma luz entrando pelos telhados

num lugar de onde se vê rastros

E ficamos ilhados
por uma mágica de tantos anos...




OS OLHOS E A SIDERAL EMOÇÃO


Mágica visão

deslumbrante descoberta
que prescrutam meus olhos
vigias dos telhados
das ruínas e becos
e daquele mirante aéreo
que parece existir em vão...

                       Mas não!



NA CLAVE DE SOL


( para todos os poetas maranhenses)


Área na corda de sol

compasso igual ao da lua
Sinfonia de estrelas inquietas
harmonia da natureza nua

Na clave de sol me escondo

apareço junto coma lua nova
Se no céu as estrelas aparecem
sinal que chuva só será miragem

Desperto com a cor do luar

anoiteço com o sol, no meu suor
Dia seguinte pode ser outra ária
escrita em minha mente, em dó maior


ALCÂNTARA

Descobrindo, achei

Procurando, ainda encontrarei?
Indo, permanecerei?

Estando lá

saudades virão
daquilo que não me deixarão mais ver
                    
                                         Fui em vão?


DE UM LUGAR DE ONDE SE VÊ O MUNDO


Desse lugar de onde se vê o mundo

Desse lugar de onde se vê o ontem - pelourinho
Desse lugar  se vê o hoje - farol
Desse lugar de onde se vê o amanhã - barra
Desse lugar de onde se vê o momento - frágil sentimento

Desse lugar 

terei marcas nos olhos e na alma



AQUI


Esta cidade

talvez me faça aprender
a receber cada sol
como dádiva diária e misteriosa

Vida: facho de opções...

E a gente nunca saberá
dos momentos chegados de repente...

Vai perder-se muito tempo

pensando para escolher...

( FICO AQUI)





O lampião e o mar de São Luís,
Fotografia por Ana Felix Garjan



Ode a São Luís - 400 anos
(Teu hoje te levará ao futuro longo, que contará tua história)



São Luís, cidade amada:

És das águas de todos os oceanos
e mares do mundo!

Nasceste das forças de Pangeia
e seus mistérios oceânicos!

Em teu leito de areias antigas
existem lendas,
segredos,
chaves

e
códigos eternos!


Vivem contigo em teu seio
seres misteriosos que
despertam encantos


serpentes que te protegem.


Qual será teu destino no futuro
de tuas mitologias
e do teu Uni_Verso?

Quais tuas chaves secretas?
Onde estão os todos?

Teus antigos moradores,
que nasceram indígenas,
africanos e brancos, 

que bailavam e dançavam 
aos sons africanos
dos brincantes 

dos bumba-bois, 
com seus pandeirões?

E as caixeiras do Divino,
que continuam sua dança
e saga afro - religiosa?
Já estás no futuro
do teu passado
do teu hoje,
e ainda és misteriosa
para teus conquistadores, 
sagrada para teus filhos
e sonhadora
por teus amantes!


Até quando serás chamada 
Cidade dos Azulejos
 (que vieram da Europa)?
Até quando serás
a ilha dos amores, 

dos pecadores,
dos poetas 
cantadores?

Onde estarão no futuro
teus casarões, mirantes,
becos e ladeiras?

E teus românticos, belos
 e antigos lampiões
de luzes ternas
iluminarão tuas praças?
Que em teu presente 
haja justiça, paz,
harmonia entre teu povo 

 teus filhos amantes!

Rezo por ti, minha ilha,
rezo por teu povo,
rezo por todos,
e por mim rezo.

São Luís, meu amor sagrado:
Sabemos que vieste pelo ar
através dos ventos 

e ondas fortes
do Atlântico Leste...


Para que oceano
tuas águas me levarão?
Sou tua de corpo e alma!
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ILHA DOS AMORES


Dilercy Adler


São Luís ilha dos muitos mares

também pudera
é a "Ilha dos Amores"!

amor e mar

combinação perfeita
eternizada
quando a onda deita
meus dissabores sobre a areia branca!

são tantas praias
imensas insondáveis
desertas ou cheias de pés descalços
pequenos frágeis como os meus sonhos
que sempre se esvaem pela madrugada
ou morrem afogados pelas ondas!


POESIA


Dilercy Adler


Eu te capto

entre os espigões de concreto
que se afogam 
no mar morto do asfalto

eu te vejo

mesmo na solidão do eco
do salto alto nervoso
apressado

eu te acho

no poço escuro sombrio
do elevador 
lento e inabalável

eu só me calo

quando me falas
eu sempre grito
as tuas dores
mas também digo
os teus prazeres
e ainda bendigo
por me fazeres teu instrumento!

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QUIROMANCIA


Laura Amélia Damous


A mão do poema

é a que me cabe
inteira

A outra,

eu a carrego,
pesada e alheia


TABUADA


Laura Amélia Damous


Como ser par

se o mais perfeito
é ímpar?

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Poetas do Maranhão

Portal de Antônio Miranda
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/maranhao.html

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Organização e coordenação:
Ana Felix Garjan
anafelixgarjan.artes2010@gmail.com



Grupo ARTFORUM Brasil XXI

Projeto
Universidade "Telhados do Mundo" - São Luís
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